domingo, 13 de janeiro de 2013

nixon no século vinte e um

Uma breve biografia
Nesta semana passada foi lembrado o centenário de nascimento de Richard Milhous Nixon. O "Presidente de Watergate" ou o "Falcão do Vietnã" se formou em Direito, serviu a Marinha e participou de missões no Pacífico Sul na 2º Guerra. Republicano, venceu sua primeira eleição em 1946 e em 1950 chega ao Senado.


O Falcão Nixon
Em 1960, Nixon disputa a presidência com o John Fitzgerald Kennedy sob o calor comunista da Frente de Libertação Nacional sobre o sul do Vietnã. Nixon perde as eleições para o carismático JFK numa campanha marcada por debates televisionados que geram um novo tipo de cidadão, o telespectador político. Quanto a JFK, ele fica para um próximo post.

Nixon volta à cena política vitorioso nas eleições presidenciais de 1968 e para ser reeleito em novembro 1972, desta vez para colocar um ponto final à Guerra do Vietnã. Apesar da reeleição, certamente o nome de Nixon não figura nas recorrentes listas de "Top Ten American Presidents", pois embora historicamente tenha sido um bom governo, ele foi maculado pelo "Caso Watergate".

O governo republicano de Nixon foi também ao mesmo tempo moderno, democrata e trágico. Pôs fim ao conflito no Vietnã que liquidava 300 ianques por dia e acabou com o serviço militar obrigatório. Anticomunista, estabeleceu relações diplomáticas com a China (o PCC que o agradeça pelo seu imperialismo contemporâneo) e com isto estimulou a 'détente' com a URSS aprovando parcerias em programas espaciais como o Apollo-Soyuz. Considerado antissemita pela opinião pública, fez do literalmente assombroso Henry Kissinger o homem forte de seu governo. Mesmo sendo republicano, criou a Agência de Proteção ao Ambiente (ouviram, Bushólatras?). Além disso, foi Nixon quem implantou o Plano Filadélfia (1969), marco sociopolítico daquelas que são consideradas as  primeiras leis de ação afirmativa que trataram de amenizar a segregação racial no mercado de trabalho . Enfim, o próprio Noam Chomsky chegou a afirmar que Nixon, hoje em dia, seria um defensor inveterado da causa verde.

Words, Swords and Watergate
Em 1651, o anglicano Thomas Hobbes, sob o calor da  Guerra Civil Inglesa, publicou sua obra-prima política o “Leviatã”. Dentre outras coisas, nela afirmava que ao soberano cabe usar o poder da espada quando o poder da palavra não tiver mais eficácia. Disto resultou a famosa sentença "swords vs words" que, quando traduzida em bom português tropical, refere-se à ética coronel-clientelista do "manda-quem-pode-obedece-quem-tem-juízo".

Em junho de 1972, cinco homens foram presos nos escritórios do Partido Democrata no condomínio Watergate em Washington tentando colocar escutas telefônicas. Aquele era o ano eleitoral que deu à reeleição a Nixon. Porém, ela foi conquistada à moda neohobbesiana, posto que após dois anos de investigação, a imprensa revelou que Nixon sabia da invasão de Watergate e agiu para encobrir os crimes políticos. Isto é, apesar da alta aprovação política e da larga vantagem nas eleições, Nixon não resistiu à tentação e irmanou-se com atos escusos a fim de garantir a continuação de sua governabilidade. Aliás, "governabilidade" foi um termo desenvolvido pela casta do homo politicus brasiliensis no início do século vinte e um sob o calor do Mensalão, o nosso Watergate.

Depois disso, a Câmara aprovou aprovou artigo que permitia seu impeachment, mas foi em 08 de agosto de 1972 que Richard Nixon se tornou o primeiro -e, por enquanto o único - presidente a renunciar ao cargo.

Nixon em Hollywood
Dentre os filmes que tratam do tema, temos:
"Nixon", 1995 de Oliver Stone que aborda a biografia de Richard à moda stoniana: a vida feita de polêmicas e contradições.
#Frost/ Nixon", 2009 de Ron Howard que trata da famosa entrevista de Nixon ao jornalista britânico Frost três anos após a renúncia;
#"A Conversação", 1974 de Francis Coppola que trata de espionagem, política  e traição numa alusão ao caso Watergate.

Abraços!
Fábio

Um comentário:

  1. OLá Prof. Fábio

    Engraçado como um texto para uns remete à algum tipo de memória e para outros o mesmo texto traz outras recordações.Ao ler seu texto me lembrei imediatamente foi da tramóia da revista Veja tentando "comprar" serviços escusos de funcionários de hotéis em Brasília. É bem parecido não é? motivo político, métodos escusos....a diferença é que lá o trabalho dos jornalistas foi louvável e aqui ....bem aqui nosso imprensa hegemonica é um partido político de direita sem qualquer escrúpulo nem com a ética nem com a verdade.
    O filme "todos os homens do presidente" é sobre este episódio do Watergate? um abraço Hélida

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