domingo, 13 de março de 2016

ARISTÓTELES na UEL 2014

CATARSE É APRENDIZADO

Me diz uma coisa: o que te toca? Isto é, o que é que te comove? Você se deixa abalar com a violência dos filmes de Tarantino? Sei lá, você se emociona com os sonetos de Vinícius de Moraes? E já que o nosso território hoje é a UEL, não é de irritar a incompreensão dos religiosos diante da promessa de Zé do Burro em “O Pagador de Promessas”? Para os gregos, o exercício da política passa pela catarse: ela nos emociona, pode nos alegrar ou nos irritar. O que importa é que ela sirva de exemplo. E este será o tema da nossa aula de hoje sobre a UEL.

PAIDEIA E AGOGÊ
Antes de trabalharmos a nossa questão, temos que revisar um detalhe importante: decerto que vocês já assistiram ao filme “300”. Sim, aquele mesmo que trata da Guerra do Peloponeso. Vocês devem se lembrar que desde pequeno o Leônidas foi preparado para ser rei sendo deixado nos bosques pra passar forme com os animais e depois tomou umas aulas de lutas e de cavalaria pra aprender que a vida é violência, é guerra. Os espartanos chamavam esta formação física para a guerra de AGOGÊ.
Agora, por outro lado, os atenienses preparavam seus jovens para a cidadania de modo bastante diferente: eles se preocupavam antes de tudo com uma formação espiritual, isto é, eles cultivavam a música e a literatura na cabeça dos jovens, principalmente através do teatro. E eles chamavam esta formação intelectual, espiritual de PAIDEIA. Concluindo, eis aqui um momento curioso do nosso raciocínio, afinal nós herdamos deles esta crença na capacidade de potencializar a beleza, a justiça e a inteligência nas pessoas, hoje chamamos isso de PEDAGOGIA: paideia + agogê. E seja apostando no cultivo das qualidades físicas, seja apostando no cultivo das qualidades espirituais, o ingrediente fundamental desta convicção era o mesmo: a ideia (o conceito) de catarse. E para compreendê-la, vamos à questão 10 da prova TIPO 01 da UEL de 2014
Bem, olha só a sofisticação da UEL: ela te enuncia o cenário político, mas o conceito só vem no seio das possíveis respostas. Perceba através da análise das afirmações:
ü  A primeira afirmação traz a novidade que assusta as pessoas mal informadas: o conceito de catarse. Aqui o seu repertório deve falar mais alto: catarse é “purgação dos sentimentos”, ou seja, é quando você se identifica e se emociona com um texto, ou com uma cena de um filme. Faz o seguinte: tente ouvir qualquer música da Adele e não se sentir azul por causa de um amor mal resolvido. É impossível. Porque ela te emociona, você se identifica. Isso é catarse.
ü  Mas a segunda afirmação também define “catarse”, afinal se emocionar com alguma coisa é tomá-la como exemplo moral, como mimesis. Ainda ficamos com a Adele, certo? Então, tente ouvir qualquer música da Adele e não cantar junto. Impossível. Porque a sua natureza vai te dizer que cantar junto com ela também é uma forma de purgar seus sentimentos, de purificar sua alma, enfim de superar as dores e seguir em frente;
ü  A terceira citação talvez seja o momento mais forte da definição de “catarse”: ela é imitação e serve de exemplo porque toca fundo nos sentimentos mais comuns aos corações humanos. Oras, você conhece alguém que NÃO goste de Adele?
ü  Para encerrar, pode-se dizer que a quarta afirmação está errada porque contradiz todo o conjunto do enunciado ao trazer um prefiro “des”, isto é, todo o enquadramento da questão é para justificar que sim, o cidadão se vincula com a cidade através das artes e do espaço público;
MIMESIS E APRENDIZADO
E se você quiser ser ainda mais sofisticado nos exemplos que demos, tente analisar a relação das pessoas com crianças. Oras, você consegue ver um bebê e não sorrir? Se este for o caso, preocupe-se. (Afinal, nada melhor do que crianças para nos alegrar, para potencializar o nosso ser. Pense a respeito. Enfim, podemos chamar de “catarse” justamente a relação entre arte e política, isto é, “catarse” é o nome que damos ao sentimento de identificação com as ações humanas. E sim, isto é uma forma nobre de se fazer política porque gera empatia, provoca identificação e faz com que as pessoas se comportem de maneira exemplar. Oras, afinal, como diria o poeta: “gentileza gera gentileza”.
Abraços e até a próxima!
Profábio

Nenhum comentário:

Postar um comentário