terça-feira, 12 de julho de 2016

NIETZSCHE na UNESP 2016


Nós já abordamos a presença de NIETZSCHE no ENEM, se lembra? (INSERT DE NOSSA AULA) Porém, o ENEM nos sacaneou, criou falsas expectativas, pois trouxe o filósofo alemão para tratar de filosofia pré-socrática... Mas de qualquer forma, foi um aviso. A boa notícia vem da UNESP realizada em MAIO DE 2016: ela trouxe uma citação nietzschiana da gema, original, cheia de classe para você começar a lidar com a crise da metafísica. Isso mesmo, uma porrada nos cornos. 

HUMANO, DEMASIADO HUMANO
A UNESP te oferece uma citação de “humano, demasiado humano”, uma obra composta de aforismos, isto é, excertos rápidos, trechos curtos que condensam um argumento decisivo a respeito de algum tema. A obra foi publicada em 1878 quando Nietzsche tinha 34 anos, e ela dialoga com os moralistas franceses do século 18. O problema colocado pela citação da UNESP é a tal da moralidade. Vamos entender isso melhor.
As primeiras referências para você compreender Nietzsche são a tragédia grega e o pessimismo de Schopenhauer. Em primeiro lugar, o alemão funda a sua filosofia tendo em vista que nós somos isso que a natureza nos deu, então o melhor que fazemos é encontrar isso que eu e você chamamos de talento e tocar diante, aprimorá-lo, aperfeiçoá-lo. Sendo assim, a vida boa, a vida ética não é mais uma questão de ética, mas sim de estética, de vigor, de autenticidade. 
Isso mesmo, em Nietzsche a vida boa, legítima está na tua capacidade de reconhecer que padecemos, somos finitos e, portanto, o fundamental é identificar e reconhecer que, antes de tudo, somos motivados por uma exigência absurda de preservação da espécie que ele vai chamar de Vontade de Potência. Bem, vejamos como isso se dá no enunciado da questão 59 da UNESP DE 15/05/2016

A CRISE DA METAFÍSICA
Primeira coisa importante que você tem que levar em consideração: em Nietzsche, não existe olhar desinteressado. Isso mesmo, esqueça essa conversa de inatismo, ingenuidade ou espontaneidade, pois essas coisas morreram com os iluministas. (TÓPICO 01: 04 PRIMEIRAS LINHAS)
Feito isso, você segue adiante, e Nietzsche reconhece que até mesmo o exercício do voluntarismo nunca é desinteressado, afinal ele só existe quando há um sujeito em busca de algum tipo de recompensa ou reconhecimento. (TÓPICO 02: DE 04 A 07º LINHA) E quando esse voluntarismo se torna recorrente e se transforma em solidariedade, é porque os semelhantes se encontram: um alguém egoísta que busca recompensa pelas suas ações e outro alguém egoísta o suficiente para esperar a ajuda alheia. Sendo assim, a tua conclusão é drástica: não existe metafísica, isto é, não existem valores abstratos universais capazes de orientar as ações humanas.
Isso nos leva à “LETRA A” como correta, pois ela reconhece que a razão é apenas um dos fatores motivadores das ações humanas e que, no mais das vezes, somos determinados por segundas, quintas intenções. Vejamos as outras alternativas:
ü  Não pode ser a “LETRA B” porque Nietzsche é sinônimo de ruptura com os fundamentos da ciência moderna;
ü  A “LETRA C” te apresenta uma afirmação corretíssima a respeito da filosofia estoica, porém ela não tem nada a ver com o enunciado;
ü  Não pode ser A “LETRA D” porque, como vimos, a vida boa, a vida virtuosa em Nietzsche é uma questão de excelência de si mesmo, é uma questão de estética – e não de ética;
ü  Não pode ser A “LETRA E” porque, como vimos, a filosofia nietzschiana representa uma ruptura com a chamada tradição filosófica que vem desde Platão até Kant;

Por último, mas não menos importante: os filmes que citamos aqui servem só para ilustrar o nosso raciocínio. Que fique claro que por mais rica que seja, a cultura pop não alcança a filosofia nietzschiana. Se você quer realmente encarar essa filosofia alemã, aqui vão alguns nomes de comentadores que podem te ajudar bastante: Oswaldo Giacoia, Scarlett Martton e Benedito Nunes. Esses brasileiros sim, vão te iniciar em Nietzsche.
Abraços e até a próxima!
Profábio




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