terça-feira, 12 de julho de 2016

HOBBES na UEL 2016


Como o nosso assunto hoje é Hobbes, vamos logo partir de uma pergunta nada simples: você conhece algum animal, algum bicho que vive em comunidade em natureza? Isso mesmo, algum animal que seja naturalmente sociável e que, assim como nós, seja um ser “naturalmente gregário”? Bem, enquanto você encontrar uma reposta, nós vamos de Hobbes. 

NATUR É CONATUS
Como você sabe, nós já tratamos da presença de HOBBES NO ENEM. E o nosso filme como referência foi o clássico de Danny Boyle, “Cova Rasa”. Ali, a nossa intenção era demonstrar Hobbes como uma contratualistas, isto é, como um teórico do que vem a ser a chamada sociedade civil. Em Hobbes – e no filme – você soube que sociedade não é uma coletividade, ao contrário, ela é um grupo de indivíduos egoístas que tendem naturalmente à guerra, ao conflito. Ou melhor, a coletividade até que é possível, mas desde que haja um Estado forte para controlar os ânimos individuais.
E de certa forma hoje na UEL nós vamos ver a causa desse raciocínio, ou seja, o que Hobbes considera a condição natural do ser humano. E aqui retomamos as perguntas iniciais. É bem provável que você tenha se lembrado das abelhas e formigas, certo? Elas, sim, são animais que vivem naturalmente em harmonia social. Porém, me diz uma coisa: há igualdade entre elas? Isso mesmo, elas vivem de maneira harmônica por natureza ou por força da hierarquia?
Sendo assim, em Hobbes você começa a entender o que nos motiva a viver em sociedade: conatus, instinto de preservação da espécie. Isso mesmo, energia vital, medo de virar hipótese sem ter cumprido sequer a perpetuação da espécie. Dá uma olhada no enunciado da questão 59 da prova da UEL de 2016
GEOMETRIA E POLÍTICA
Como um bom mecanicista do século 17, Hobbes considera que há forças naturais universais e que podem ser interpretadas de maneira lógica, racional e clara a fim de construirmos uma arquitetura política para a manutenção da vida em sociedade. Sendo assim, nele você encontra um esforço de compreender quais seriam essas forças e leis naturais e quais seriam as melhores formas de administrar os seus efeitos e impactos. Isto é, em Hobbes, existe a crença de que a política envolve um cálculo de riscos, um raciocínio sobre as causas e efeitos do comportamento natural do ser humano. E uma vez que somos movidos por conatus, instinto de preservação, nada melhor do que encontrar fundar um governo que saiba como controlar esse instinto. Vamos às alternativas:
ü  A LETRA A não pode ser porque a tal ordem política não nos é natural, e sim artificial. Lembra-se as formigas e abelhas? Então, o Hobbes vai se valer do mesmo exemplo: só há paz se houver força suficiente para manter os cidadãos em paz;
ü  A LETRA B... Bem, essa conversa de somos espontaneamente bons fica com os rousseanianos, ok?
ü  A LETRA C... Bem, se você insistir nessa conversa de ser humano é capaz de agir de maneira racional e justa de forma espontânea? Oras, então desencane de vestibular e vá visitar um buffet de aniversário infantil...
ü  A LETRA D traz uma afirmação belíssima: a crença de que nos basta um diálogo, uma conversa franca para que eu e você vivamos como iguais por aí na sociedade. Seria demais, não? Mas convenhamos, uma “pemezinha” na esquina também não faria mal a ninguém, né?
ü  A LETRA E é verdadeira porque é hobbesiana da gema, afinal ela reconhece que eu e você carecemos de segurança e estabilidade nessa vida para sair de casa, trabalhar e colocar comida na mesa. Mas pra isso, é fundamental que haja alguém mais forte do que nós, um Estado dono da força, para garantir essa simetria, certo?

ESTADO É LEVIATÃ
Como você pode ver, de acordo com Hobbes, o Estado deveria ser um Leviatã, uma espécie de espectro capaz de se impor socialmente pela força da constituição, um avatar que viveria em nossas mentes inspirando obediência, respeito às leis e segurança.
Assim, a confiança até pode ser uma ótima bússola social, mas desde que as regras sejam fortes o suficiente para inspirarem punições. Isto é, desde que, de fato, as leis sejam fortes e sejam cumpridas. Agora, caso contrário, se nem os hábitos e costumes e nem as instituições deram conta da ordem social, então nada melhor do que uma boa dose de desconfiança para navegar pela sociedade.
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Então, me parece que os nossos avós conheciam bem essa história hobbesiano quando diziam que “manda quem pode, obedece quem tem juízo”, certo? Abraços e até a próxima!

Profábio

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