Hoje vamos
tratar de um tema que assumiu grande relevo nos últimos anos, a ditadura
militar brasileira. Esse ainda é um tema quente na sociedade brasileira e
suscita algumas polêmicas que, convenhamos, já deveriam ter sido superadas pela
chamada “consolidação da democracia com a Nova República Brasileira”... Melhor deixado isso de lado, certo? Bom, se preparem porque
tentaremos dar algumas pistas de como esse tema é abordado nos vestibulares
seguindo o filme Cidadão Boilesen.
A CNV E UMA REVISÃO HISTÓRICA
Em 2010, pouco antes de deixar o governo, o presidente Lula assinou um
decreto que criava a Comissão Nacional da Verdade. Naquele momento, a Comissão
já era uma demanda histórica de setores da sociedade brasileira que exigiam a
abertura de determinados arquivos históricos e investigações sobre como o
exercício da violência foi institucionalizado e legalizado durante a ditadura.
Além disso,
o debate sobre a criação da CNV também colocava em pauta a investigação sobre
os mortos e os desaparecidos nos 21 anos da ditadura e as possíveis
participações de setores civis no funcionamento dessa máquina repressiva. Como
nós sabemos, coube ao governo de Dilma seguir adiante com a formação da CNV e arcar
com a responsabilidade de montar, dar suporte e concluir os trabalhos da CNV.
Em resumo,
foram dois anos de trabalho, cerca de 600 pessoas entrevistadas e o
reconhecimento da institucionalização de técnicas, por exemplo, da tortura
física e psicológica, isto é, a violação dos direitos humanos era uma prática
que fundamentava o chamado Estado de Direito.
Ainda
haveria muito a ser dito sobre a CNV, mas como todo exercício histórico envolve
um recorte de tema, tempo e espaço, hoje nós vamos acompanhar o raciocínio
proposto pela questão 57 da UNICAMP em 2015, vamos ao enunciado:
Como se lê,
a UNICAMP vai direto ao assunto e propõe, de maneira simples, um debate
historiográfico que suscita grandes paixões dentro da academia: a ditadura foi
mesmo somente militar? Quer dizer, foram somente os militares que governaram? Houve
apoio de setores civis? Se sim, de que modo isso ocorreu?
Perceba,
essa pode parecer uma questão simples, mas, no fundo, diz muito sobre a nossa
sociedade brasileira. Afinal, se o regime é ditatorial e a repressão, censura e
a recorrência à violência contaram com o apoio de setores civis, isso quer
dizer que o autoritarismo não é um monstro opressivo, um grande Leviatã, como
diria Hobbes. Ao contrário, ele está entre nós. Bem, vamos às alternativas.
A LETRA A te propõe uma grande
confusão. Veja, a Passeata dos 100 mil é uma iniciativa civil sim, mas contra a
gradativa repressão que ocorria devido aos AI’s... E a campanha da Anistia
também é civil e chega contar com apoio da ABI, OAB e CNBB, mas em nome da
transição para a democracia;
A LETRA B até pode te levar ao erro,
caso você não saiba que o tal “clero brasileiro” se refere, principalmente à
Igreja Católica. Que de homogênea não tinha nada, procure mais sobre Frei
Betto, Leonardo Boff e a Teologia da Libertação;
A LETRA C é outra que faz uma
confusão... Veja, no contexto latino-americano, o Brasil foi o único país cuja
ditadura contou com cinco presidentes e mecanismos de representação política como
as eleições indiretas e o bipartidarismo. Agora, vale dizer: parcial
representação política.
A LETRA D é adequada porque dialoga
com a atualidade das investigações da CNV: aqui bastava você assistir, no
mínimo, um Jornal Nacional pra estar antenado com as atualidades e saber de
notícias como essa... Isto é, o
exercício de “mea culpa” da corporação faz questão de enfatizar que ela
expressava um anseio social que não era somente uma questão de classe, mas um
anseio popular;
O PASSADO É PRESENTE
Bom, talvez
seja interessante reafirmar que optamos por fazer uma introdução a respeito do
tema. Seria interessante chamar a sua atenção para a atuação pública do
professor da UFF Daniel Araão Reis. Deixamos aqui na descrição uma sugestão de
entrevista para você conhecê-lo. Além disso, existe uma vasta produção fílmica
a respeito dos temas ligados à ditadura. Optamos pela Boilesen porque ele
justamente o mesmo argumento que a questão da UNICAMP.
E sim,
pretendemos voltar aos temas ligados à ditadura, afinal ainda existem entre nós
muitos órfãos de ditadores que clamam pela volta da ditadura... Duro, não? Bem,
pra esses, a melhor vacina se chama História.
Abraços e
até a próxima!
Profábio
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