segunda-feira, 5 de setembro de 2016

POPULISMO na UNICAMP de 2016


Neste mês de agosto, nos lembramos dos 62 anos da morte de Getúlio Dornelles Vargas, um grande estadista brasileiro. A transmissão que ouvimos é do famoso Repórter Esso, aquele que era o “primeiro a dar as últimas notícias”. Dono de uma credibilidade ímpar no imaginário popular, o Repórter Esso também se auto afirmava como uma “testemunha ocular da história” e, assim, cativava a crescente massa de trabalhadores urbanos nas décadas de 50 e 60. E esse será o nosso tema de hoje, a história contemporânea da América Latina.

O MEIO E A MENSAGEM
O Repórter Esso foi inaugurado em agosto de 1941 e é um bom exemplo das condições históricas da América Latina entre as décadas de 1940 a 1960. Esse noticiário de rádio jornalismo era financiado pela companhia petrolífera que emprestava seu nome, a Standard Oil Company, ou Esso.
Isso demonstra como a ditadura civil varguista estava alinhada com os interesses estadunidenses no contexto da 2º Guerra Mundial: você deve se lembrar que até 1941, Vargas fazia jogo duplo e exportava commoditties para a Alemanha nazista enquanto negociava com os ianques. Esses, por sua vez, exigiram exclusividade econômica e alguns soldados em troca do financiamento do nosso parque siderúrgico. 

Além disso, o noticiário Repórter Esso era uma das várias iniciativas do DIP, um órgão do regime varguista destinado ao controle dos conteúdos culturais e educativos dos órgãos oficiais. Isso significa que os programas de rádio, os jornais impressos, as atividades cinematográficas e, claro, as educacionais estavam diretamente alinhadas com os interesses governamentais. Dessa forma, esse órgão também visava colocar o mandatário do poder em contato direto com a crescente massa de trabalhadores urbanos. O resultado dessa conjuntura histórica deu origem ao conceito de “populismo”, conforme veremos na questão 63 da prova da UNICAMP de 2016

UMA ANÁLISE HISTÓRICA
                Como você pode notar, a questão te lança diante da vulgarização do conceito de populismo e te oferece alternativas que contém análises históricas com, no mínimo, cinco linhas de duração. Por essas e outras, pode-se dizer que esta não é uma questão fácil, afinal, você deve dominar muito bem detalhes da história contemporânea da América Latina. Vejamos as alternativas:

                A LETRA A contém vários equívocos. Primeiro: Jânio Quadros foi um cometa político, em doze anos ele foi eleito para todos cargos públicos, de vereador à presidência. Porém, foi abatido por “forças terríveis” após sete meses na presidência. Além disso, as práticas políticas que configuram o populismo promovem inclusão social no sistema político e fortalecem a participação do Estado nos setores fundamentais e estratégicos da economia;
                A LETRA B também contém vários equívocos: Primeiro: soa estranho essa conversa de alinhamento das massas com os setores médios porque, no contexto latino-americano, os países ainda viviam em grande desigualdade social. Depois, vale a pena deixar essa conversa de ressentimento político de lado. Terceiro, é preciso encarar que só houve populismo porque determinados setores sociais atribuíram prestígio pessoal e status político a líderes específicos. Portanto, esqueça essa conversa de “manipulação” e “ausência de vontade política”...
               A LETRA C te seduz de maneira convincente até os últimos minutos: aqui você deve se ficar atento ao fato de que o populismo foi uma manifestação política típico do pós-Crise de 29. E isto implica em reconhecer que o Estado teve um papel importante no crescimento econômico e industrial de países periféricos;
       A LETRA D é varguíssima! Ops, corretíssima, afinal reúne todas as condições necessárias ao reconhecimento da definição dessa categoria analítica chamada de “populismo”;

ENTRE A HISTÓRIA E AS CIÊNCIAS SOCIAIS
Antes de nos despedirmos, vale chamar a atenção para o fato de a UNICAMP dialogar com uma historiografia tradicional. Explico: como vimos, aqui o “populismo” é uma manifestação histórica de uma conjuntura específica: a América Latina entre os anos 30 e 60. Por outro lado, hoje em dia, é muito comum encontrar historiadores, cientistas sociais e jornalistas que usam esse termo “populismo” para tratar de líderes carismáticos do século 21, mas isso já seria motivo para outra aula...
Abraços e até a próxima!

Profábio

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