A UEL E O ANARQUISMO
PROF. FÁBIO MONTEIRO
E aí, bora
dar um pulo na alvorada do 19 pra conhecer um pouco do berço do anarquismo? O filme se chama “Libertários” e foi realizado
em 1976 com o apoio da Unicamp dentro do projeto “Imagens e História da
industrialização do estado de São Paulo” que procurou resgatar a história das
lutas sociais no seio da formação da classe operária brasileira. Bem, vamos
seguir adiante para compreender como a UEL trata desse tema.
OPERARIADO E ANARQUISMO
O filme
teve como ponto de partida a recuperação de fotos pessoais do líder anarquista Edgar Leuenroth,
cujos arquivos foram guardados pelos filhos num galpão aqui no Brás. Então, a
partir das fotos, o filme exercita um recorte histórico para demonstrar a
participação dos imigrantes italianos e espanhóis na formação social e política
da classe operária brasileira em meio às duras condições de trabalho com
jornadas de trabalho de até 16 horas.
A grande
contribuição do filme foi o destaque dos anarcosindicalistas na formação da
nossa classe operária, já que a historiografia tradicional, até os anos 70,
dava mais peso aos comunistas. Dada essa
introdução, vejamos a questão
60 da prova da UEL de 2016.
Como se lê,
a questão problematiza o conceito de ideologia a fim de demonstrar como as
ideias, os valores e as mídias são expressões das condições econômicas e
materiais de uma determinada realidade.
Aqui, vale um
minuto de aprofundamento: Marx foi o pioneiro na crítica da categoria ideologia
na modernidade ao publicar em 1846 o seu texto, a Ideologia Alemã. Rapidamente,
esse texto trata de demonstrar como não são as ideias, mas sim a atividade
humana o motor da sociedade.
Em outras
palavras, a novidade aqui é revelar como não existe nenhuma equivalência entre
natureza e sociedade: ao contrário, moral, conceitos, religião, partidos
políticos e meios de comunicação são ideológicos porque são
expressões e, ao mesmo tempo, determinam a realidade histórica. Ou ainda, para
encerrar esse raciocínio, basta se lembrar da máxima marxiana: “Os homens fazem a sua
própria história, mas não a fazem segundo a sua livre vontade; não a fazem sob
circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam
diretamente, legadas e transmitidas pelo passado”. Sendo assim, vejamos as
alternativas:
ü A LETRA A está equivocada na
perspectiva smithiana, a atividade econômica se autorregula de acordo com dedicação
e disciplina dos indivíduos;
ü A LETRA B também está fora de
cogitação porque existem várias correntes dentro do comunismo e, depois, porque
esse papo de habitação está fora do nosso horizonte;
ü Quanto à LETRA C, olha a pegadinha: o
liberalismo é a superação do mercantilismo, certo?
ü A LETRA D está adequada ao enunciado
ao desnaturalizar aquilo que é social e político, portanto responde a questão;
ü Quanto a LETRA E, bem, ela não pode
ser porque, como diria a Mme. Tatcher, não existe isso de “sociedade”, o que
existe são homens, mulheres e famílias;
O CINEMA É SOCIAL
Antes de
terminar, que tal ouvir um pouco das palavras do realizador Lauro Escorel, que,
aliás, é um dos maiores montadores brasileiros (ENTREVISTA
5’40”).
É em momentos como esse que podemos identificar como a manufatura, o gestual e
o exercício da profissão também é um fator decisivo na construção de nossas
identidades sociais, certo?
Abraços e
até a próxima!
Profábio
Nenhum comentário:
Postar um comentário