quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

A UEL E O ANARQUISMO

A UEL E O ANARQUISMO
PROF. FÁBIO MONTEIRO

E aí, bora dar um pulo na alvorada do 19 pra conhecer um pouco do berço do anarquismo? O filme se chama “Libertários” e foi realizado em 1976 com o apoio da Unicamp dentro do projeto “Imagens e História da industrialização do estado de São Paulo” que procurou resgatar a história das lutas sociais no seio da formação da classe operária brasileira. Bem, vamos seguir adiante para compreender como a UEL trata desse tema.

OPERARIADO E ANARQUISMO
O filme teve como ponto de partida a recuperação de fotos pessoais do líder anarquista Edgar Leuenroth, cujos arquivos foram guardados pelos filhos num galpão aqui no Brás. Então, a partir das fotos, o filme exercita um recorte histórico para demonstrar a participação dos imigrantes italianos e espanhóis na formação social e política da classe operária brasileira em meio às duras condições de trabalho com jornadas de trabalho de até 16 horas.
A grande contribuição do filme foi o destaque dos anarcosindicalistas na formação da nossa classe operária, já que a historiografia tradicional, até os anos 70, dava mais peso aos comunistas. Dada essa introdução, vejamos a questão 60 da prova da UEL de 2016

Como se lê, a questão problematiza o conceito de ideologia a fim de demonstrar como as ideias, os valores e as mídias são expressões das condições econômicas e materiais de uma determinada realidade.
Aqui, vale um minuto de aprofundamento: Marx foi o pioneiro na crítica da categoria ideologia na modernidade ao publicar em 1846 o seu texto, a Ideologia Alemã. Rapidamente, esse texto trata de demonstrar como não são as ideias, mas sim a atividade humana o motor da sociedade.
Em outras palavras, a novidade aqui é revelar como não existe nenhuma equivalência entre natureza e sociedade: ao contrário, moral, conceitos, religião, partidos políticos e meios de comunicação são ideológicos porque são expressões e, ao mesmo tempo, determinam a realidade histórica. Ou ainda, para encerrar esse raciocínio, basta se lembrar da máxima marxiana: “Os homens fazem a sua própria história, mas não a fazem segundo a sua livre vontade; não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado”. Sendo assim, vejamos as alternativas:
ü  A LETRA A está equivocada na perspectiva smithiana, a atividade econômica se autorregula de acordo com dedicação e disciplina dos indivíduos;
ü  A LETRA B também está fora de cogitação porque existem várias correntes dentro do comunismo e, depois, porque esse papo de habitação está fora do nosso horizonte;
ü  Quanto à LETRA C, olha a pegadinha: o liberalismo é a superação do mercantilismo, certo?
ü  A LETRA D está adequada ao enunciado ao desnaturalizar aquilo que é social e político, portanto responde a questão;
ü  Quanto a LETRA E, bem, ela não pode ser porque, como diria a Mme. Tatcher, não existe isso de “sociedade”, o que existe são homens, mulheres e famílias;

O CINEMA É SOCIAL
Antes de terminar, que tal ouvir um pouco das palavras do realizador Lauro Escorel, que, aliás, é um dos maiores montadores brasileiros (ENTREVISTA 5’40”). É em momentos como esse que podemos identificar como a manufatura, o gestual e o exercício da profissão também é um fator decisivo na construção de nossas identidades sociais, certo?
Abraços e até a próxima!

Profábio

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