quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

A UERJ E A PM

A UERJ E A PM

Para apresentar o nosso tema de hoje, trago a vocês uma importante líder social brasileira, Yasmin Oliveira. Pois é bem provável que você veja isso como ironia, porém o fato é que a rolezeira aí em questão é uma mocinha que tem X seguidores no face e já mobilizou multidões em direção aos shoppings. Dessa forma, não seria difícil concordar com Clóvis de Barros quando afirma que os rolezinhos tem lá o seu grau de subversão, pois eles fizeram com que esses templos do consumo passassem a dar visibilidade a uma galera que só gravitava no andar debaixo da sociedade. Bora ver como a UERJ trata disso.

... NOVA CLASSE MÉDIA?
Existe um debate bem interessante sobre os impactos sociais da chamada Era Lula. Tudo bem, nós sabemos que essa expressão é quase um palavrão hoje no país devido aos ânimos exaltados... Mas o que nos importa aqui hoje é demonstrar, mais uma vez, como  os vestibulares podem ser um interessante instrumento de análise social. Então, eu convido um cara bem interessante para dar o tom da conversa.
O Renato Meirelles é um publicitário que fundou a agência Data Popular, especializada em nos estudos sobre o comportamento social e econômico dos consumidores de baixa renda. Ele trabalhou junto da SAE, a Secretaria de Assuntos Estratégicos, do Governo Lula. E, dessa forma, os seus estudos contribuiram de maneira decisiva na compreensão de quem são, como pensam e se comportam as mais de 30 milhões de pessoas que ascenderam socialmente das classes de E e D.
O que isso significa? Isso significa que, ao longo da Era Lula, o Brasil se tornou, definitivamente, um país de classe média. Ou seja, cerca de 55% da população brasileira estaria nas raias da chamada “Classe C” e teria uma faixa salarial de cerca de R$ 1,2 mil. Que fique claro: isso é uma estatística nacional e, portanto, estamos deixando de lado as desigualdades regionais. E o que isso tem a ver com o vestibular? Vejamos a questão 01 do 1º exame de qualificação da UERJ de 2015

Realizada em 08/06/14, a prova demonstra um excelente timing com as atualidades, afinal foi no primeiro semestre daquele ano que as mídias passaram a dar maior visibilidade a um “movimento social” que já tinha cara, corpo e nome: os rolezinhos. E a questão exige de você uma leitura atenta aos aspectos gráficos, visuais do desenho do mestre Angeli.  Sendo assim, vejamos as alternativas:
ü  A LETRA A seria impossível, pois primeiro que precisamos manter o foco na crítica que o artista faz do comportamento policial. E segundo que não faz o menor sentido dizer que os jovens se descontrolam em bando...
ü  A LETRA B é angeliana na veia porque indica uma estranha lucidez nos policiais que reconhecem que a obrigação profissional vai na contramão da identificação social, afinal são pagos para protegerem o shopping de seus vizinhos! Ops, de seus pares!
ü  Quanto à LETRA C digamos que ela não vem ao caso porque, na verdade, a charge indica o momento em que os policiais identificam, digamos, os seus inimigos;
ü  A LETRA D não dialoga com o conteúdo da charge. E outra, né? É bem provável que afirmações como essa tem uma alta carga ideológica, pois há quem diga que shopping não é lugar de sociabilidade, mas sim de consumo.

EU E O MEU ROLÊ
Antes de encerrar, vale revisar o nosso raciocínio, olha só: o crescimento do mercado interno empoderou a ascensão econômica de milhões de pessoas; essas pessoas passaram a ter acesso a novas mercadorias; sendo assim, passaram a frequentar mais shoppings que não ficam nas periferias, mas sim nos centros urbanos, certo? Dessa forma, os seus códigos sociais causaram certo estranhamento naqueles para quem os shoppings sempre foram construídos. Que tal, faz sentido?
Nesse cenário, você que nos acompanha e já tem uma certa sensibilidade com as humanas, ainda fica se perguntando: “e o que a PM faz dentro de um shopping?!” Oras, me parece que a pergunta então também seria... Consumo entre nós é um privilégio ou é um direito?
Quanto a nós, bem ainda acreditamos que existem outras formas de mobilidade e ascensão sociais além do consumo: o estudo. Por isso, continue nos acompanhando...
Abraços e até a próxima!

Profábio

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