A UERJ E A PM
Para
apresentar o nosso tema de hoje, trago a vocês uma importante líder social
brasileira, Yasmin Oliveira. Pois é bem provável que você veja isso como ironia, porém o fato é que a
rolezeira aí em questão é uma mocinha que tem X seguidores no face e já
mobilizou multidões em direção aos shoppings. Dessa forma, não seria difícil
concordar com Clóvis de Barros quando afirma que os rolezinhos tem lá o seu
grau de subversão, pois eles fizeram com que esses templos do consumo passassem
a dar visibilidade a uma galera que só gravitava no andar debaixo da sociedade.
Bora ver como a UERJ trata disso.
... NOVA CLASSE MÉDIA?
Existe um debate bem interessante sobre os impactos sociais da chamada Era
Lula. Tudo bem, nós sabemos que essa expressão é quase um palavrão hoje no país
devido aos ânimos exaltados... Mas o que nos importa aqui hoje é demonstrar,
mais uma vez, como os vestibulares podem
ser um interessante instrumento de análise social. Então, eu convido um cara
bem interessante para dar o tom da conversa.
O Renato Meirelles é um publicitário que fundou a
agência Data Popular, especializada em nos estudos sobre o comportamento social
e econômico dos consumidores de baixa renda. Ele trabalhou junto da SAE, a
Secretaria de Assuntos Estratégicos, do Governo Lula. E, dessa forma, os seus estudos
contribuiram de maneira decisiva na compreensão de quem são, como pensam e se
comportam as mais de 30 milhões de pessoas que ascenderam socialmente das
classes de E e D.
O que isso significa? Isso significa que, ao longo da
Era Lula, o Brasil se tornou, definitivamente, um país de classe média. Ou
seja, cerca de 55% da população brasileira estaria nas raias da chamada “Classe
C” e teria uma faixa salarial de cerca de R$ 1,2 mil. Que fique claro: isso é
uma estatística nacional e, portanto, estamos deixando de lado as desigualdades
regionais. E o que isso tem a ver
com o vestibular? Vejamos a questão
01 do 1º exame de qualificação da UERJ de 2015.
Realizada
em 08/06/14, a prova demonstra um excelente timing com as atualidades, afinal
foi no primeiro semestre daquele ano que as mídias passaram a dar maior
visibilidade a um “movimento social” que já tinha cara, corpo e nome: os
rolezinhos. E a questão exige de você uma leitura atenta aos aspectos gráficos,
visuais do desenho do mestre Angeli. Sendo
assim, vejamos as alternativas:
ü A LETRA A seria impossível, pois
primeiro que precisamos manter o foco na crítica que o artista faz do
comportamento policial. E segundo que não faz o menor sentido dizer que os
jovens se descontrolam em bando...
ü A LETRA B é angeliana na veia porque indica
uma estranha lucidez nos policiais que reconhecem que a obrigação profissional
vai na contramão da identificação social, afinal são pagos para protegerem o
shopping de seus vizinhos! Ops, de seus pares!
ü Quanto à LETRA C digamos que ela não
vem ao caso porque, na verdade, a charge indica o momento em que os policiais
identificam, digamos, os seus inimigos;
ü A LETRA D não dialoga com o conteúdo
da charge. E outra, né? É bem provável que afirmações como essa tem uma alta
carga ideológica, pois há quem diga que shopping não é lugar de sociabilidade,
mas sim de consumo.
EU E O MEU ROLÊ
Antes de
encerrar, vale revisar o nosso raciocínio, olha só: o crescimento do mercado
interno empoderou a ascensão econômica de milhões de pessoas; essas pessoas
passaram a ter acesso a novas mercadorias; sendo assim, passaram a frequentar
mais shoppings que não ficam nas periferias, mas sim nos centros urbanos,
certo? Dessa forma, os seus códigos sociais causaram certo estranhamento naqueles
para quem os shoppings sempre foram construídos. Que tal, faz sentido?
Nesse
cenário, você que nos acompanha e já tem uma certa sensibilidade com as
humanas, ainda fica se perguntando: “e o que a PM faz dentro de um shopping?!” Oras,
me parece que a pergunta então também seria... Consumo entre nós é um
privilégio ou é um direito?
Quanto a
nós, bem ainda acreditamos que existem outras formas de mobilidade e ascensão
sociais além do consumo: o estudo. Por isso, continue nos acompanhando...
Abraços e
até a próxima!
Profábio
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