A UNESP E O LIBERALISMO
Hoje
vamos de tratar de liberalismo na prova da Unesp. E pra apresentar esse tema,
eu gostaria de deixar vocês com uma senhora bem interessante, a Maria Pia, uma
das várias personagens de Eduardo Coutinho em seu filme Edifício Master. Saca
só: MARIA
PIA. “Honra,
vergonha, ignorância e pobreza de espírito”, eis uma série de valores em torno
de uma atividade que eu e vocês chamamos de trabalho. Bem, você já deve ter
notado que ela não está nessa vida a passeio, e por isso mesmo ela vai nos
acompanhar em nosso raciocínio sobre o liberalismo.
LIBERALISMO
Antes de tratar da Declaração de
Independência dos Estados Unidos, vale lembrar um pouquinho da história moderna
das treze colônias antes de seguirmos com a questão. Aqui você deve se lembrar que o vestibular vai
exigir que você reconheça as diferenças entre a chamada colonização de
exploração e a de povoamento.
A colonização
de exploração diz como países de espírito católico, ou seja, os países ibéricos
como Portugal e Espanha, mantiveram relações econômicas e políticas verticais
com regiões de matriz tropicais. Isso significa que o propósito era manter uma
relação burocrática centralizadora e práticas mercantilistas extrativistas,
sejam agrícolas ou metalistas.
Por sua vez,
a chamada colonização de povoamento trata das relações de países de espírito
protestante com regiões coloniais que propiciavam um estilo de vida semelhante
ao da metrópole. Nesse sentido, o estilo de vida e o ritmo de trabalho nas
treze colônias inglesas foram forjados em torno da crença em valores como
individualidade, trabalho e austeridade. Bem, o resto da história você já
conhece: após uma forte crise econômica na Guerra dos Sete Anos, a coroa
inglesa decide arrochar o fisco sobre as colônias.
Elas até
estavam dispostas a negociar desde que obtivessem representação política no
Parlamento Inglês, aquele consolidado na Revolução Gloriosa de 1688. Porém, sem
negociação, puderam contar com o apoio militar da Espanha e França e com o
apoio dos escritos de um importante teórico chamado John Locke para quebrar o
monopólio inglês. E aí, ‘bora conferir o enunciado da questão
37 da Unesp de meio de ano de 2016:
Como você
pode notar, a Declaração norte-americana incorpora e dá publicidade aos valores
iluministas ao defender que o contrato social envolve um consentimento entre
indivíduos particulares em nome de valores como a liberdade, a felicidade e a
segurança... Particulares. Nesse sentido, aqui você vai encarar a sociedade não
como um coletivo, mas como um grupo de indivíduos livres e competidores que
gostam de celebrar acordos baseados na lei da oferta e da procura, tal como a MARIA PIA
E aí, que
tal essa convicção no liberalismo econômico no andar debaixo da sociedade? Bora
pra alternativas:
ü A LETRA A está equivocada porque o
liberalismo compreende que as melhores soluções sociais estão no livre comércio
e não na intervenção econômica do Estado;
ü A LETRA B também está equivocada
porque a independência dos EUA é, justamente, a crise do mercantilismo, cujas
práticas econômicas estão baseadas no monopólio metropolitano;
ü A LETRA C responde a questão porque ela
traduz e sintetiza o enunciado ao te propor que o iluminismo é sinônimo de
afirmação da ideia de cidadania;
ü A LETRA D está errada porque o seu
enunciado é político, e não religioso
ü A LETRA E também está equivocada porque
foi o espírito protestante que estimulou o liberalismo;
LIBERAL CONSERVATIVE
Talvez seja
interessante atualizar esse ideário liberal para hoje em dia. Esse espírito
político desenhado pelo enunciado é, geralmente, chamado de “liberal
conservative”, isso significa dizer que se somos lockeanos, tendemos a encarar
que quanto menor a interferência do governo nos assuntos econômicos, mais
quente o mercado, melhor a concorrência e, portanto, mais estímulos e
oportunidades para as pessoas trabalharem.
Sendo
assim, aqui você percebe que a melhor solução para as questões sociais não é a
política, mas sim a economia. Pois é, eu aposto que você já viu esse espírito
lockeano num outdoor qualquer de sua cidade com os dizeres “não pense em crise,
trabalhe”. Agora, veja: não há nada de errado nesta mensagem, desde que você
saiba que, sim, ela é tão ideológica quanto qualquer outra afirmação política.
Abraços e
até a próxima!
Profábio
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