A UERJ E O BLACK LIVES
PROF. FÁBIO MONTEIRO
Você sabe a
escravidão foi uma das razões da Guerra Civil. Mas apesar de ser abolida em
1863, os ruídos de suas correntes ainda puderam ser ouvidos ao longo de todo
século 20, a exemplo da história de “Mississipi em chamas”, um filme de De
Palma. Em 1876, vários estados
adotaram a famosa lei Jim Crow que institucionalizou a segregação racial dos
espaços públicos, tal como você viu no filme. A chamada ‘Era Jim Crow’ durou
até 1964 e foi extinta a muito custo pelos movimentos dos civil rights, tal
como a Marcha para Washington liderada por Luther King em 1963. Bora pra UERJ!
BLACK LIVE MATTERS
A repressão
policial não tem sido tema só no Brasil. Nos últimos meses, a mídia
internacional também tem se dedicado a dar visibilidade aos casos de violência
policial nos EUA. Mas não é só isso, as vítimas desses, digamos, excessos de
força, são, na maioria das vezes, os afro-americanas. Tanto é assim que, de
acordo com a ONU, a média de homicídios dos afro-americanos é oito vezes maior
que a dos brancos, e gira em torno de 20 cabeças por 100 mil pessoas.
Foi por essas
e outras que, em 2012, surgiu um movimento como o “Black Live Matters”, cujo
link nós vamos deixar aqui no vídeo para que você também conheça. O movimento
ganhou impulso após um segurança branco ter sido absolvido pelo assassinato de
um jovem negro desarmado, na Flórida. Desde então, como informa o seu próprio
site, o movimento conquistado cada vez mais apoio ao propósito de dar
publicidade às vítimas da violência policial.
Porém, o BLM não é unanimidade e tem
provocado grandes discussões, afinal só as vidas negras importam? E seria mesmo
a mera publicidade dos fatos uma forma de ativismo político? Pois é, esses ruídos
ideológicos existem e, digamos, que fizeram até o Obama se pronunciar a
respeito. Imagino que você tenha notado o quão espinhoso é o tema racial nos
EUA...
Quanto à prova da UERJ realizada em 15 de junho de 2016,
ela demonstrou um ótimo timing ao dialogar com essas tensões sociais da
soceidade estadunidense. A prova te traz uma fotografia de um epsaço público
que mostra pessoas brancas passando diante de uma faixa com o nome do
movimento. E isso ocorre no dia de celebração do Dia de Martin Luther King, que
é um feriado nacional celebrado na terceira segunda-feira de janeiro, próximo
da data de seu aniversário que é no dia 15/01. Bem, vamos ao enunciado da questão
57 da prova da UERJ de 2016, realizada em 15/06/15.
Você já
notou que a nossa exposição já te traduziu o enunciado, então agora só resta
chamar a atenção para o seu ponto central: a contradição entre o forte sentido
democrático da ordem política norte-americana e a intensa carga racial que ela
contém. Sendo assim, vejamos as alternativas:
ü A LETRA A até pode te seduzir os
despreparados, afinal apesar de sua truculência e brutalidade, a KKK não chegou
a ser um grupo paramilitar no sentido tradicional do termo;
ü A LETRA B não responde a questão
porque os movimentos sociais antirracistas foram autônomos e espontâneos, eles
partiram de dentro das próprias comunidades religiosas e musicais negras;
ü A LETRA C responde a questão, mas eu
diria que exige uma atenção especial: aqui você deve se lembrar que a
segregação racial nos EUA foi legal, ou seja, ela fez parte do corpo jurídico
das federações, apesar do país se dizer a terra da liberdade, ok?
ü A LETRA D não contempla os nossos
interesses porque o tema da questão é étnico, e não tecnológico.
VIDAS IMPORTAM
Talvez seja
oportuno aproveitar esse tema e fazer um paralelo com o Brasil, pois nós também
tivemos séculos de escravidão que deixaram cicatrizes históricas em nosso
tecido social. Mas, um detalhe: ao contrário dos EUA onde a segregação foi
institucionalizada nas leis, aqui no Brasil a segregação e o racismo sempre
encontraram outros caminhos para expressarem as suas violências.
Oras, nós
temos a 4º população carcerária do mundo, e isso corresponde a uma população de
cerca de 620 mil pessoas, sendo que 62% delas são consideradas negras. Além
disso, como diz a campanha da Anistia Internacional 30 mil jovens
por ano são mortos no Brasil, sendo 77% deles negros.
Dito de outra
forma, dizer que não há racismo no Brasil significa fechar os olhos para a seguinte
realidade: o negro aqui é duplamente discriminado, tanto pela cor de sua pele
quanto pelas suas condições econômicas.
Abraços e
até a próxima!
Profábio
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