quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

A UERJ E O BLACK LIVES

A UERJ E O BLACK LIVES
PROF. FÁBIO MONTEIRO

Você sabe a escravidão foi uma das razões da Guerra Civil. Mas apesar de ser abolida em 1863, os ruídos de suas correntes ainda puderam ser ouvidos ao longo de todo século 20, a exemplo da história de “Mississipi em chamas”, um filme de De Palma. Em 1876, vários estados adotaram a famosa lei Jim Crow que institucionalizou a segregação racial dos espaços públicos, tal como você viu no filme. A chamada ‘Era Jim Crow’ durou até 1964 e foi extinta a muito custo pelos movimentos dos civil rights, tal como a Marcha para Washington liderada por Luther King em 1963. Bora pra UERJ!

BLACK LIVE MATTERS
A repressão policial não tem sido tema só no Brasil. Nos últimos meses, a mídia internacional também tem se dedicado a dar visibilidade aos casos de violência policial nos EUA. Mas não é só isso, as vítimas desses, digamos, excessos de força, são, na maioria das vezes, os afro-americanas. Tanto é assim que, de acordo com a ONU, a média de homicídios dos afro-americanos é oito vezes maior que a dos brancos, e gira em torno de 20 cabeças por 100 mil pessoas.
Foi por essas e outras que, em 2012, surgiu um movimento como o “Black Live Matters”, cujo link nós vamos deixar aqui no vídeo para que você também conheça. O movimento ganhou impulso após um segurança branco ter sido absolvido pelo assassinato de um jovem negro desarmado, na Flórida. Desde então, como informa o seu próprio site, o movimento conquistado cada vez mais apoio ao propósito de dar publicidade às vítimas da violência policial.
Porém, o BLM não é unanimidade e tem provocado grandes discussões, afinal só as vidas negras importam? E seria mesmo a mera publicidade dos fatos uma forma de ativismo político? Pois é, esses ruídos ideológicos existem e, digamos, que fizeram até o Obama se pronunciar a respeito. Imagino que você tenha  notado o quão espinhoso é o tema racial nos EUA...
Quanto à prova da UERJ realizada em 15 de junho de 2016, ela demonstrou um ótimo timing ao dialogar com essas tensões sociais da soceidade estadunidense. A prova te traz uma fotografia de um epsaço público que mostra pessoas brancas passando diante de uma faixa com o nome do movimento. E isso ocorre no dia de celebração do Dia de Martin Luther King, que é um feriado nacional celebrado na terceira segunda-feira de janeiro, próximo da data de seu aniversário que é no dia 15/01. Bem, vamos ao enunciado da questão 57 da prova da UERJ de 2016, realizada em 15/06/15

Você já notou que a nossa exposição já te traduziu o enunciado, então agora só resta chamar a atenção para o seu ponto central: a contradição entre o forte sentido democrático da ordem política norte-americana e a intensa carga racial que ela contém. Sendo assim, vejamos as alternativas:
ü  A LETRA A até pode te seduzir os despreparados, afinal apesar de sua truculência e brutalidade, a KKK não chegou a ser um grupo paramilitar no sentido tradicional do termo;
ü  A LETRA B não responde a questão porque os movimentos sociais antirracistas foram autônomos e espontâneos, eles partiram de dentro das próprias comunidades religiosas e musicais negras;
ü  A LETRA C responde a questão, mas eu diria que exige uma atenção especial: aqui você deve se lembrar que a segregação racial nos EUA foi legal, ou seja, ela fez parte do corpo jurídico das federações, apesar do país se dizer a terra da liberdade, ok?
ü  A LETRA D não contempla os nossos interesses porque o tema da questão é étnico, e não tecnológico. 
VIDAS IMPORTAM
Talvez seja oportuno aproveitar esse tema e fazer um paralelo com o Brasil, pois nós também tivemos séculos de escravidão que deixaram cicatrizes históricas em nosso tecido social. Mas, um detalhe: ao contrário dos EUA onde a segregação foi institucionalizada nas leis, aqui no Brasil a segregação e o racismo sempre encontraram outros caminhos para expressarem as suas violências.
Oras, nós temos a 4º população carcerária do mundo, e isso corresponde a uma população de cerca de 620 mil pessoas, sendo que 62% delas são consideradas negras. Além disso, como diz a campanha da Anistia Internacional 30 mil jovens por ano são mortos no Brasil, sendo 77% deles negros.
Dito de outra forma, dizer que não há racismo no Brasil significa fechar os olhos para a seguinte realidade: o negro aqui é duplamente discriminado, tanto pela cor de sua pele quanto pelas suas condições econômicas.
Abraços e até a próxima!
Profábio



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