quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

A DITADURA NA UNESP

UNESP E DITADURA 

Como sabemos, o futebol é uma paixão nacional. O esporte bretão é uma das grandes marcas da sociedade brasileira, do seu espírito de consagração, do seu sentimento de unidade nacional. Bom, pelos menos até a Copa das Confederações em junho de 2013, quando, apesar da vitória da equipe canarinho, o saldo histórico foi bastante decisivo: uma série de manifestações sociais que questionaram a legitimidade de algumas instituições nacionais, a exemplo da PM e do Congresso. Dá uma olhada na propaganda da Anistia Internacional. Daí em diante, você já conhece a história: assim como o futebol, a política brasileira só toma de sete a um. Bom, o negócio então é voltar à conquista do tricampeonato na Copa de 1970 

UFANISMO É IDEOLOGIA
Nós já conversamos a respeito de ditadura militar na Unicamp. Como você sabe, a Unicamp te apresenta uma revisão historiográfica desse período ao deixar claro que a ditadura foi civil-militar, pois contou com o apoio de empresas e de setores civis na manutenção da repressão social.
Quanto à Unesp, ela nos traz uma questão com uma abordagem do imaginário social da ditadura ao apresentar dois cartazes que demonstram algumas propagandas políticas do período. Slogans como “Brasil, ame-o ou deixe-o” ou “Ninguém segura este país” eram recorrentes nos meios de comunicação a fim de estimular o sentimento de progresso, de avanço social e de prosperidade material ocasionado pelas medidas econômicas que marcaram o chamado “Milagre Brasileiro”.
Aqui um pouco de economia: como você deve se lembrar, o PAEG foi um plano heterodoxo, e isso significa dizer que, enquanto o Estado aumentou a sua capacidade de intervenção em setores energéticos e investiu pesado em infraestrutura ao mesmo tempo em que flexibilizou regras do mercado de trabalho e deu autonomia ao Banco Central.  O cabeça dessas medidas foi Antônio Delfim Neto, o mesmo cara que aconselhou boa parte do Governo Lula.
Bom, agora, por outro lado, é preciso reconhecer que essa fase de prosperidade econômica foi acompanhado não só do aumento das desigualdades sociais e econômicas como também foi simultânea ao auge da repressão social num momento conhecido como “Anos de Chumbo”. Você pode assistir ao “O ano em que...” para conferir uma abordagem sutil a respeito desse tema, confira: E aí, perceberam a sutileza do filme na abordagem da repressão social? 

Bem, podemos dizer que uma das formas da Ditadura encampar, camuflar realidades como essas era injetando ânimo e frenesi na sociedade a partir das conquistas esportivas. Vamos ao enunciado da questão 42 da Unesp de meio de ano-inverno de 2016
Como você pode notar, ambos cartazes envolvem cores nacionais e frases de ordem que inspiram progressismo, vigor e potencialidade histórica. Sendo assim, vamos às alternativas:
ü  A LETRA A está correta porque traduz corretamente a ideologia propagada pelos cartazes ao exigir do candidato, isto é, da população, a adesão ao espírito nacional;
ü  A LETRA B está completamente equivocada...
ü  A LETRA C está errada por uma razão muito simples e realista: sim, a ditadura contestava a oposição, mas através das armas...
ü  A LETRA D até pode te encantar, caso você esteja desavisado. Convenhamos, o esporte é o pano de fundo do contexto histórico e não está enunciado na questão;
ü  A LETRA E é um delírio, não?

POR QUE ME UFANO
O filme que indicamos, “O Ano em que...” aborda a ditadura a partir do ponto de vista de um garoto cujos pais estão envolvidos na luta armada e, portanto, acaba ficando com o vizinho do avô. Vale conferi-lo, afinal é cinema brasileiro de qualidade e tem uma sensibilidade poética para lidar com outras questões como as descobertas da infância e as heranças judaicas dos personagens.
Agora, se além disso, você topar uma leitura mais sofisticada sobre o tema, pesquise aqui no youtube um filme do Zizek chamado “Guia pervertido da ideologia” e procura saber sobre o funcionamento desse conceito tão controverso nos dias de hoje. E fiquem tranquilos porque, sim, ainda voltaremos ao Zizek na tentativa, repito, tentativa de conhece-lo melhor.
Abraços e até a próxima!

Profábio

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