UNESP E DITADURA
Como
sabemos, o futebol é uma paixão nacional. O esporte bretão é uma das grandes
marcas da sociedade brasileira, do seu espírito de consagração, do seu
sentimento de unidade nacional. Bom, pelos menos até a Copa das Confederações
em junho de 2013, quando, apesar da vitória da equipe canarinho, o saldo
histórico foi bastante decisivo: uma série de manifestações sociais que
questionaram a legitimidade de algumas instituições nacionais, a exemplo da PM
e do Congresso. Dá uma olhada na propaganda da Anistia Internacional.
Daí em diante, você já conhece a história: assim como o futebol, a política
brasileira só toma de sete a um. Bom, o negócio então é voltar à conquista do
tricampeonato na Copa
de 1970
UFANISMO É IDEOLOGIA
Nós já conversamos a respeito de
ditadura militar na Unicamp. Como você sabe, a Unicamp te apresenta uma revisão
historiográfica desse período ao deixar claro que a ditadura foi civil-militar,
pois contou com o apoio de empresas e de setores civis na manutenção da
repressão social.
Quanto à
Unesp, ela nos traz uma questão com uma abordagem do imaginário social da
ditadura ao apresentar dois cartazes que demonstram algumas propagandas
políticas do período. Slogans como “Brasil, ame-o ou deixe-o” ou “Ninguém
segura este país” eram recorrentes nos meios de comunicação a fim de estimular
o sentimento de progresso, de avanço social e de prosperidade material
ocasionado pelas medidas econômicas que marcaram o chamado “Milagre
Brasileiro”.
Aqui um
pouco de economia: como você deve se lembrar, o PAEG foi um plano heterodoxo, e
isso significa dizer que, enquanto o Estado aumentou a sua capacidade de
intervenção em setores energéticos e investiu pesado em infraestrutura ao mesmo
tempo em que flexibilizou regras do mercado de trabalho e deu autonomia ao
Banco Central. O cabeça dessas medidas
foi Antônio Delfim Neto, o mesmo cara que aconselhou boa parte do Governo Lula.
Bom, agora,
por outro lado, é preciso reconhecer que essa fase de prosperidade econômica
foi acompanhado não só do aumento das desigualdades sociais e econômicas como
também foi simultânea ao auge da repressão social num momento conhecido como “Anos
de Chumbo”. Você pode assistir ao “O ano em que...” para conferir uma abordagem
sutil a respeito desse tema, confira: E aí, perceberam a sutileza do filme na
abordagem da repressão social?
Bem,
podemos dizer que uma das formas da Ditadura encampar, camuflar realidades como
essas era injetando ânimo e frenesi na sociedade a partir das conquistas
esportivas. Vamos ao enunciado da questão
42 da Unesp de meio de ano-inverno de 2016:
Como você pode
notar, ambos cartazes envolvem cores nacionais e frases de ordem que inspiram
progressismo, vigor e potencialidade histórica. Sendo assim, vamos às alternativas:
ü A LETRA A está correta porque traduz
corretamente a ideologia propagada pelos cartazes ao exigir do candidato, isto
é, da população, a adesão ao espírito nacional;
ü A LETRA B está completamente
equivocada...
ü A LETRA C está errada por uma razão
muito simples e realista: sim, a ditadura contestava a oposição, mas através
das armas...
ü A LETRA D até pode te encantar, caso
você esteja desavisado. Convenhamos, o esporte é o pano de fundo do contexto
histórico e não está enunciado na questão;
ü A LETRA E é um delírio, não?
POR QUE ME UFANO
O filme que
indicamos, “O Ano em que...” aborda a ditadura a partir do ponto de vista de um
garoto cujos pais estão envolvidos na luta armada e, portanto, acaba ficando
com o vizinho do avô. Vale conferi-lo, afinal é cinema brasileiro de qualidade
e tem uma sensibilidade poética para lidar com outras questões como as
descobertas da infância e as heranças judaicas dos personagens.
Agora, se
além disso, você topar uma leitura mais sofisticada sobre o tema, pesquise aqui
no youtube um filme do Zizek chamado “Guia pervertido da ideologia” e procura
saber sobre o funcionamento desse conceito tão controverso nos dias de hoje. E
fiquem tranquilos porque, sim, ainda voltaremos ao Zizek na tentativa, repito,
tentativa de conhece-lo melhor.
Abraços e
até a próxima!
Profábio
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